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Eu só te odeio...


Me falaram de você hoje. Foi numa conversa aleatória de uma forma despretensiosa, mas eu lembro bem, era sobre você que me diziam. Sorri e tentei mudar de assunto, mas não teve jeito, mesmo com as minhas várias voltas nas respostas, começaram a me dizer do antigo “a gente”. E o estomago embrulhou, meu humor mudou instantaneamente, o nó na garganta apertou e quase que uma lágrima me escapa. Mas eu a segurei, não era hora de ser fraca, eu poderia deixar isso para mais tarde, num horário mais adequado, quando estivesse a sós. Sempre fui dessas não é mesmo? Daquelas que odeia compartilhar as coisas e que odeia mais ainda parecer ser fraca diante dos outros. Eu não admitia isso, mesmo contigo fazendo questão de me jogar na cara sempre que tinha a oportunidade, mas você me conhece bem, melhor do que eu pensava até...
Mas sabe o que eu odiava ainda mais? A maneira que sorria pra mim. Cara, como eu odiava. Era um sorriso puro, inocente. Seus olhos brilhavam de uma forma tão bonita que eu só conseguia desejar ser o motivo disso. Não importava o quão marrenta que eu parecia ser, era só você sorrir, e pronto, de uma hora para outra virava menina inocente implorando por mais sorrisos como aquele.
Mas a listinha de coisas que eu odiava em você ainda não acabou. Tem o seu abraço que também está perto do topo. Você me envolvia de uma forma que me fazia querer chorar todas as minhas mágoas no seu ombro, justo eu, que nunca quero chorar na frente de ninguém. Ali dentro daquele abraço que parecia me prender, eu era tão pequenina, tão frágil. Mesmo com essa coisa de não querer ser de ninguém, ali, eu deixava de ser minha, pra ser apenas sua. Fala sério, porque fazia isso comigo? Procurei quem me abraçasse igual, mas não tinha, era só você, e eu só passei a odiar o seu abraço ainda mais por isso.
E tinha também o seu olhar pra mim quando eu te magoava. Esse me dói até hoje. Por esses, me sinto uma idiota até hoje. Eu juro que quis te pedir desculpas um milhão de vezes, mas tu me atingia tão forte, que eu ficava parada, só observando, sem conseguir dizer nada. E eu te peço desculpas hoje, por ter sido uma tola e por não ter conseguido dizer o que precisava quando me perguntava. Eu me esqueci que as pessoas precisam saber muito mais do que quero dizer, e pensei que você fosse ficar mesmo com as minhas poucas explicações. Mas você não ficou. E eu odeio o fato de que mesmo depois de tanto tempo ainda consigo me lembrar desse seu olhar que me perguntava o porquê de eu estar te machucando tanto. Eu só quero te dizer que, toda vez que eu te machucava acabava me machucando muito mais, acredite...
Mas disso tudo, o que sempre vou odiar muito mais, foi a maneira como você se foi. Assim, de repente, sem dizer muita coisa, sem deixar claro se era só mais uma discussão boba, ou se dessa vez era realmente um fim definitivo. Eu sei que errei muito, eu sei também que uma hora fosse cansar dos meus erros, só não esperava que fosse naquele momento. Na verdade, não esperava que fosse em momento nenhum, eu precisava de você, por mais que dissesse que não precisava de ninguém. E você me deixou, partiu depois de dizer poucas palavras e sem esperar pela minha resposta. Você partiu e me deixou duvidando de que aquilo realmente estivesse acontecendo. Você partiu e eu esperei uma mensagem sua no dia seguinte que nunca apareceu. Você partiu e eu esperei que na semana seguinte voltasse a sentar do meu lado no banco do ônibus, mas você sentou do lado de outras. Você partiu... E depois de ver a sua partida, me perdi, em outros caminhos, esperando você voltar. Mas você nunca voltou.
Mas que porra!
Eu te odeio. Mas eu só te odeio porque quando você partiu, me vi ser partida também.

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