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O quanto crescer nos custa?

FONTE DA IMAGEM: We Heart It
O quanto crescer nos custa?
Pergunto-me, ao menos uma vez a cada hora do dia, enquanto espero o que preciso para dar rumo a minha vida. Ouvi dizer que quando se é jovem, o mundo – e nós mesmos – aos nossos olhos inexperientes, nos parecem coisas infinitas. E de fato, talvez seja realmente assim, terei certeza talvez daqui uns anos mais, mas, o que nos custa para deixarmos de pensar assim? Digo, o que a vida tanto nos cobra?
A infância, talvez “intensidade” defina. Seja a dor de um joelho ralado ou da perda de algo ou alguém querido, tudo vira choro, tristeza, sentimento. “Mas ah”, passam a me dizer, “uma criança logo esquece daquilo que a fez chorar”, e de fato, ninguém isso pode negar. Mas uma criança sofre o quanto é necessário até que sinta que está bem o suficientemente para estar bem. Sua inocência a faz com que sinta profundamente, e que derrame todas as lágrimas de que precisa, até estar pronto para superar. Não há pressões, ou obrigações que as fazem se privarem de seus sentimentos, a não ser, que os próprios adultos – aqueles que esquecem-se o tempo todo que até para uma ferida cicatrizar, antes precisa de haver a dor - a induzam a isso.
A adolescência e juventude, “confusão”, mas não tenho certeza disso. Temos de esquecer os pequenos insultos diários, as pequenas coisas que nos machucam, engolir as lágrimas, levar “desaforos” para casa, tudo para mostrar que já estamos deixando de sermos “verdes”. Em tempos difíceis, esses são os que sonham a cada dia, e veem seus sonhos destruídos também, a cada dia. Alguns desacreditados, outros não, alguns feridos, outros desencorajados a se arriscarem justo pelo medo de se ferir.
Aos adultos, nem saberia dizer uma palavra só para descrever. Só se há tempo para planos, dinheiro, um cargo mais alto no trabalho. Tempos de tristeza são reduzidos a pequenos momentos, pois não se pode mais deixar se transparecer o que se sente, se isso te atrapalhará o rendimento, e a vida. E para a alegria, também não muito sobrou, apenas algumas risadas vazias, e as palavras que prometem um futuro mais tranquilo, um futuro de mais paz, mais tempo para família. Futuro... Quando este futuro virá, afinal? Quando as covas estiverem abertas, já não haverá mais nada para se viver.
E o que trará boas novas, alguém por favor, me tire a dúvida: O dinheiro? As horas a mais no serviço que tanto faz? E o agora, o hoje? O que acontece, como ficamos?
Corações de ferro, é o que nos obrigam a ter nos dias de hoje. A ideia de que crescer está ligado a pouco sentir nos tornou humanos frios, destituídos de compaixão, com egos subindo a cabeça pela ganancia, desejo de poder e dinheiro. Não se é adequado sentir, sofrer, ou entristecer-se, porque isso nos torna fracos, quando na verdade, fracos estamos por tanto deixamos de viver.
Na velhice por fim, temos a “nostalgia”. Quantos olhos experientes não devem olhar para a geração mais jovem e vê-los, talvez, cometendo os mesmos erros que já cometeram um dia, e dos quais hoje se arrependem tanto? Quantos não gostariam de ter aproveitado as suas vidas enquanto ainda tinham disposição para isso? Talvez tenham o dinheiro com que sonharam, as posses, mas lembranças de momentos vividos em um escritório não oferecem a ninguém uma morte feliz. Além disso, pergunto-me ainda, quantos não devem ter lutado tanto para oferecerem uma vida melhor a aqueles que amam, para isso ficando ausentes quando deveriam estar presentes, e hoje são abandonados, quando precisavam de cuidados, pois aqueles seus amados hoje também precisam trabalhar muito – ou acham que precisam de tanto - para ganhar a vida?
Ganhar a vida, ou perdê-la?
Sei que preciso também crescer, todos precisam um dia. Só não gostaria que fosse desta forma. Tenho um coração frágil demais, sonhador demais, para que justo agora, se torne ferro e enferruje no meu peito.
No final das contas, o que deve doer mais, sentir muito, ou se obrigar a não sentir?

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